Destruição das florestas tropicais em 2024 atingiu escala sem precedentes
A destruição também representou o equivalente a 3,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono emitidas para a atmosfera
Publicado: 21/05/2025 às 17:25

Incêndio florestal em Rondônia (Carl de Souza/AFP)
A destruição das florestas tropicais em 2024 atingiu o nível mais elevado das últimas duas décadas, em consequência dos incêndios causados pelas alterações climáticas.
É a condição mais elevada desde que o observatório de referência Global Forest Watch (GFW), criado pelo grupo norte-americano World Resources Institute (WRI) juntamente com a Universidade de Maryland, começou a recolher dados, em 2002.
A co-diretora do GFW, Elizabeth Goldman, relatou que o número é 80% superior ao de 2023, e equivale à perda de 18 campos de futebol por minuto. “Este nível de destruição florestal é completamente sem precedentes em mais de 20 anos de dados e é um alerta vermelho global. A situação se agravou no Brasil e as regiões tropicais perderam 6,7 milhões de hectares de floresta primária no ano ado, uma área quase do tamanho do Panamá. Os incêndios são responsáveis por quase metade destas perdas, pela primeira vez à frente da agricultura”, indicou.
A destruição também representou o equivalente a 3,1 bilhões de toneladas de dióxido de carbono emitidas para a atmosfera. Já no Brasil foram 2,8 milhões de hectares de floresta queimadas no ano ado, dois terços dos quais foram atribuídos a incêndios, muitas das vezes iniciados para o plantio de à soja ou à pecuária. A Amazônia brasileira foi a mais atingida, tendo uma destruição com a escala mais alta desde 2016. “Embora, o país tenha obtido bons resultados em 2023 devido as medidas de proteção adotadas pelo presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro ano do seu novo mandato, este progresso está ameaçado pela expansão da agricultura", avaliou Sarah Carter, investigadora do WRI.
O relatório se concentrou nas florestas tropicais, que são as mais ameaçadas e muito importantes para a biodiversidade e para a sua capacidade de absorver carbono do ar. As perdas incluíram todos os motivos desde o desmatamento voluntário e ainda a destruição de origem natural e acidental, sendo que os incêndios foram alimentados por condições extremas que os tornaram mais intensos e difíceis de controlar, de acordo com os autores do documento.
Mas, além disso, o ano de 2024 foi o ano mais quente alguma vez registrado no mundo, estimulado pelas alterações climáticas, causados pela queima massiva de combustíveis fósseis e pelo fenômeno natural El Niño.
Apesar do desmatamento para a agricultura, historicamente a principal causa de destruição, te ficado em segundo lugar no relatório, permanece ainda sendo uma causa bastante relevante.
Mas, os números do WRI contrastam com os a rede brasileira de monitorização MapBiomas, publicados em 16 de maio, que reportam um declínio acentuado da desmatamento, mas que não incluí os incêndios.
A proteção florestal está no topo da lista de prioridades do governo brasileiro da COP30, a principal conferência anual sobre o clima das Nações Unidas, que será realizada na cidade de Belém entre os dias 10 a 21 de novembro.

