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Professores protestam após Alepe não votar reajuste por quórum

Reajuste salarial de profissionais da Educação entrou na pauta na última terça-feira (3), mas orientação do Governo é que deputados esvaziem o plenário até que empréstimo seja votado

Por Guilherme Anjos

Ato do sindicato em frente à Assembleia Legislativa de Pernambuco

Profissionais da Educação estadual ocuparam a escadaria e as galerias da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) nesta quarta-feira (4) em protesto pela votação do reajuste salarial que está travado na pauta da Casa. O texto seria apreciado na última terça (3), mas o plenário não alcançou o número mínimo de 25 deputados presentes para votar projetos.

Os professores foram pegos em meio à queda de braço entre o Legislativo pernambucano e o Governo do Estado. A orientação do Palácio do Campo das Princesas é que os parlamentares da base esvaziem o plenário até que o pedido de empréstimo do Executivo na ordem de R$ 1.5 bilhão seja pautado.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (SINTEPE), Ivete Caetano, criticou duramente a intriga entre a governadora Raquel Lyra (PSD) e os deputados estaduais.

“Esse reajuste contempla mais de 70 mil servidores da educação, trabalhadores que lidam com mais de meio milhão de estudantes todos os dias nas escolas. Esse projeto é de grande impacto no serviço público, e o colocaram no meio de um tiroteio entre o Governo do Estado e o Legislativo. Nos informaram que faz 15 dias que a Casa não vota absolutamente nada porque a bancada do Governo se retira”, afirmou Caetano.

“Não é possível que eles queiram usar a educação como bucha de canhão para resolver os seus problemas”, disparou.

Até às 15h30 desta quarta-feira, quando a sessão teve início, apenas 18 deputados marcaram presença no plenário. Quatro parlamentares estão de licença, incluindo a líder do Governo, Socorro Pimentel (UB), e o líder da oposição, Diogo Moraes (PSB).

Presidente da Comissão de Educação e nome próximo de Raquel Lyra, Renato Antunes (PL) também se opôs à estratégia de esvaziamento do plenário, apesar de discordar da oposição feita ao pedido de empréstimo. Ele defende um entendimento que não ponha a população no meio de uma discussão política.

“Essa manobra de esvaziamento, embora seja regimental, quem perde é a Casa e o próprio Governo. Tem que ter um entendimento, sentar à mesa. Imagina esse pessoal [professores] de greve? Quem vai sofrer a educação. Lamento mais uma vez a falta de coro hoje”, disse.

Em contrapartida, Antunes também disse que a oposição na Alepe era “de fígado”, e que há uma antecipação das eleições de 2026 na Casa. “Fui líder de oposição por dois mandatos e nunca travei um empréstimo na época de Geraldo Júlio”, acrescentou.

Vice-presidente da Comissão de Educação e membro da bancada de oposição, Waldemar Borges (PSB) culpou Raquel Lyra pela fila de espera de projetos a serem aprovados. “Quem está condicionando toda a pauta a um projeto, que fique claro, é a governadora e sua bancada, que de uma maneira talvez inédita pediu o travamento da pauta”, criticou.

Em discurso, o presidente da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ) da Casa, Coronel Alberto Feitosa (PL), disse aos professores que eles estão sendo “enganados” pela gestão estadual. “Os deputados não estão aqui porque recebem orientação da Casa Civil para não comparecerem”, declarou.

“É uma falácia dizer que a Casa está atrapalhando o desenvolvimento de Pernambuco porque não quer votar o empréstimo. Existe um lastro de liberação de empréstimo nessa casa de R$ 9 bilhões. Estão enganando vocês. Não é a casa que está atrapalhando, é a senhora governadora que não tem competência”, completou Feitosa.

Pauta travada

 

Dentre as outras matérias travadas na pauta, estão a indicação do presidente da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro), o médico veterinário Moshe Fernandes; e a sabatina do novo gestor do Arquipélago de Fernando de Noronha, indicado pela própria governadora.

Os governistas afirmam que a Casa está prejudicando o “desenvolvimento do Estado” ao não pautar o empréstimo, que seria direcionado a obras em rodovias, a exemplo da duplicação da BR-232 até Serra Talhada e do Arco Metropolitano.

Do outro lado, a oposição espera que o Executivo responda aos pedidos de informação para entender, em detalhes, como serão aplicados os recursos, e o que foi feito com a operação de crédito de R$ 1.7 bilhão aprovada pela Casa em 2023.