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CAXEMIRA

Paquistão pede que a UE interceda na crise com a Índia, que rejeita a ideia

A crise foi deflagrada no final de abril, quando 26 pessoas foram mortas num atentado terrorista em Pahalgam, na província indiana de Jammu e Caxemira

Isabel Alvarez

Publicado: 16/05/2025 às 18:56

Região da Caxemira /SAJJAD QAYYUM/AFP

Região da Caxemira /SAJJAD QAYYUM/AFP

Os embaixadores da Índia e do Paquistão apelaram à União Europeia com a escalada da crise nas relações entre as duas potências nucleares, desencadeada pelo ataque terrorista na região da Caxemira indiana. Entretanto, os dois países têm abordagens diferentes na resolução das tensões. Enquanto, o Paquistão almeja a mediação do bloco europeu no conflito, a Índia pediu por pressão à Islamabad para que elimine o seu apoio a rede de terrorismo.

A crise foi deflagrada no final de abril, quando 26 pessoas foram mortas num atentado terrorista em Pahalgam, na província indiana de Jammu e Caxemira, no ataque mais mortal contra civis dos últimos anos. O governo de Nova Deli acusou o Paquistão de apoiar o terrorismo transfronteiriço e interrompeu o Tratado sobre as Águas do Indo, expulsou diplomatas paquistaneses, suspendeu vistos de cidadãos do Paquistão e fechou as fronteiras. O Paquistão, por sua vez, negou as alegações e retaliou suspendendo o Acordo de Simla, restringindo o comércio e fechando o espaço aéreo.

A Índia lançou ataques a zonas que considera terroristas no Paquistão. "Foram muito específicas, direcionadas e ponderadas, e que se destinavam essencialmente a eliminar as infraestruturas terroristas existentes no lado paquistanês", comunicou Nova Del. Em contrapartida, o Paquistão também reagiu

O embaixador do Paquistão na União Europeia, Rahim Hayat Qureshi, disse que o seu país saudava à Alta Representante do bloco europeu, Kaja Kallas, pela sua intervenção em suas conversas com os líderes indiano e paquistanês e também agradeceu os esforços dos Estados Unidos em busca da trégua. "A União Europeia é um dos pilares da ordem mundial. Aquilo a que chamamos a ordem baseada em regras. Este incidente não tem apenas a ver com a Índia e o Paquistão. Foi mais do que isso. O que está em causa é o unilateralismo versus o multilateralismo. Não podemos permitir que os Estados se tornem juízes, júris e carrascos. Não podemos permitir que ocorram ataques com mísseis entre duas potências nucleares", afirmou Qureshi, acrescentando que o Paquistão está aberto à mediação internacional e pedindo a UE que desempenhe um papel neste processo.

"O que estamos a dizer é que o respeito e os desejos das pessoas envolvidas neste caso, Caxemira, devem ser respeitados. E a Europa tem um papel legítimo neste domínio. Exortamos o nosso vizinho, a Índia, a aceitar o papel da Europa, dos EUA ou de qualquer outra entidade que intervenha na questão, para que possamos mediar os nossos problemas com paz e dignidade. Estamos abertos à arbitragem, às negociações, às consultas, à mediação, a tudo o que seja necessário para garantir que o Estado de direito seja respeitado entre os nossos dois países", completou o embaixador paquistanês.

Islamad nega o seu envolvimento nos ataques terroristas e assegura que a Índia está criando mentiras na questão do terrorismo.

Por outro lado, o governo de Nova Deli alega que o Paquistão financia, apoia, arma, abriga e faz todo o tipo de atividades para permitir que o terrorismo cresça e floresça. "A União Europeia tem uma grande influência econômica sobre o Paquistão e a mensagem que deve ser transmitida a Islamabad é que tem de abandonar a rede de terrorismo que apoia no seu território. Por isso, gostaríamos que o governo paquistanês fosse pressionado a desmantelar a rede", afirmou o embaixador indiano Saurabh Kumar.

Mas, Kumar rejeitou por completo a ideia de qualquer mediação internacional ou liderada pela UE entre as duas nações, defendendo que existe uma condição prévia clara para que a Índia se envolva em conversações bilaterais diretas com o Paquistão. "Como disse o nosso primeiro-ministro, o terror e as conversações não podem ser simultâneos. Por isso, a questão essencial aqui é o Paquistão desistir do terror que emana do seu solo e o Paquistão usá-lo como um instrumento de política de Estado", declarou.

A União Europeia condenou o ataque terrorista em Pahalgam e disse que todos os Estados possuem o direito de proteger os seus cidadãos do terrorismo, mas apelou igualmente aos dois países para que abrandassem as tensões e desistissem de novos ataques, a fim de salvaguardar a vida dos civis de ambos os lados.

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