Sudão tem a maior crise de deslocados de guerra do mundo
O conflito já causou milhares de mortos e provocou a mais grave crise humanitária do mundo
Publicado: 03/06/2025 às 20:05

Sudão (EBRAHIM HAMID/AFP)
A Agência de Refugiados das Nações Unidas relatou hoje que o número de refugiados sudaneses em fuga da guerra civil no país ultraou quatro milhões.
O porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Eujin Byun, reiterou que o conflito já causou milhares de mortos e provocou a mais grave crise humanitária do mundo. “São 4.003.38de pessoas que fugiram do Sudão como refugiados, requerentes de asilo ou repatriados. Este é um marco devastador na mais grave crise de deslocamento populacional do mundo”, disse Byun.
O número de refugiados sudaneses mais do que triplicou desde o início da guerra e centenas de pessoas que tem atravessado a fronteira para escapar dos ataques das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) aos campos de refugiados situados em torno de El-Facher, a capital da província de Darfur. “Há uma grave falta de financiamento e os refugiados vivem em condições deploráveis. Sem um aumento significativo do financiamento, não será possível prestar a ajuda vital na escala e à velocidade necessária”, indica a ACNUR.
Desde abril de 2023, o terceiro maior país de África enfrenta uma guerra pelo poder entre o general Abdel Fattah al-Burhane, chefe do exército e atual governante do país após um golpe de Estado em 2021, e o seu ex-braço direito, Mohamed Hamdane Daglo, comandante das RSF.
ONU condena ataque contra funcionários humanitários
A ONU também condenou hoje nos termos mais fortes possíveis o ato de violência contra o pessoal humanitário do Programa Alimentar Mundial (PAM) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Sudão, que matou cinco pessoas e provocou vários feridos. "Todos os ataques contra pessoal humanitário, as suas instalações e veículos devem cessar. São violações do Direito Internacional Humanitário. E pedimos uma investigação urgente e que os perpetradores sejam responsabilizados", afirmou o gabinete do secretário-geral da ONU, António Guterres.
Cinco membros de um comboio humanitário das agências da ONU foram mortos na noite de segunda-feira (2) e outros ficaram feridos durante um ataque perto de Al Koma, no Darfur do Norte, quando 15 caminhões que percorreram mais de 1.800 quilômetros desde Porto Sudão, transportavam alimentos.
As agências estavam negociando o o para completar a viagem até Al Fashir quando o comboio foi atacado. Muitos dos caminhões foram queimados no ataque e os mantimentos humanitários essenciais foram danificados. "A rota que o comboio iria seguir foi compartilhada antecipadamente, e as partes no território foram notificadas e estavam cientes da localização dos caminhões. É devastador que os mantimentos não tenham chegado aos civis necessitados. Este foi o primeiro comboio humanitário da ONU que ia chegar a Al Fashir em mais de um ano", destacou o gabinete de Guterres.
Enquanto isso, ambos os lados do conflito trocam acusações sobre a autoria do ataque em Al Koma. As RSF afirmam que os veículos foram deliberadamente visados pelo exército. Já o governo, acusa os paramilitares de o terem atacado com drones.

