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Putin acusa Ucrânia de terrorismo e de promover sabotar negociações de paz

O líder russo ainda voltou a rejeitar a ideia de um cessar-fogo completo, alegando que apenas servirá para o inimigo se rearmar

Isabel Alvarez

Publicado: 04/06/2025 às 16:27

Presidente russo, Vladimir Putin/GRIGORY SYSOYEV/POOL/AFP

Presidente russo, Vladimir Putin (GRIGORY SYSOYEV/POOL/AFP)

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou hoje a Ucrânia de atos terroristas após os ataques a infraestruturas russas durante o fim de semana e que pretendem sabotar as negociações entre os dois países sobre uma trégua.

“Todos os crimes cometidos contra civis, especialmente mulheres e crianças, antes de uma nova rodada de conversações para um cessar-fogo que propomos em Istambul visam perturbar o processo de negociação. Quem pode negociar com um país que depende do terrorismo. Os ataques mostram que Kiev está se degenerando numa organização terrorista e os seus patrocinadores estão se tornando cúmplices”, criticou Putin, acusando mais uma vez o regime ucraniano de ilegítimo.

O líder russo ainda voltou a rejeitar a ideia de um cessar-fogo completo, alegando que apenas servirá para o inimigo se rearmar. “Por que recompensar a Ucrânia com uma trégua nos combates que será usada para fornecer ao regime armas ocidentais, continuar a mobilização forçada e preparar mais ataques terroristas. O atual regime de Kiev não precisa, de todo, de paz. O que há para conversar?”, questionou.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, também disse que o governo ucraniano recusou uma proposta de Moscou para uma trégua parcial, de apenas três dias, para recuperar os restos mortais de soldados mortos em combate. "Considero que este é simplesmente um erro grave do regime de Kiev, a recusa categórica e grosseira de Zelensky em aceitar esta proposta”, afirmou o chanceler.

Em contrapartida, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusa Rússia de fazer ultimatos inaceitáveis, como propor o reconhecimento da anexação dos territórios ocupados do seu país pelas forças russas, além de renunciar a entrar no futuro na OTAN e a reduzir o contingente do exército. Zelensky, por sua vez, propôs hoje um cessar-fogo até a realização de uma reunião com Putin e acredita que contará com o apoio dos parceiros. Além disso, pediu à organização das conversações na Turquia que Putin e Donald Trump se juntem a reunião, porque as negociações até o momento não estão chegando a lugar nenhum.

Segundo o conselheiro de Putin, Yury Ushakov, a hipótese de um encontro entre Putin e Zelensky nunca esteve num plano prático.

Já o presidente norte-americano, Donald Trump, também revelou nesta quarta-feira (4) que conversou com Putin sobre os recentes ataques da Ucrânia contra a Rússia e garantiu que os EUA não foram avisados previamente da Operação Teia de Aranha, planejada com meses de antecedência pelos serviços secretos ucranianos e que destruiu uma parte dos aviões russos e danificou parcialmente a ponte da Crimeia. Putin afirmou a Trump que a Rússia terá que responder aos ataques de drones ucranianos.

“Foi uma boa conversa, mas não uma conversa que levará à Paz imediata”, relatou Tump na rede social Truth.

De acordo com o embaixador dos EUA na OTAN, Matthew Whitaker, adiantou que a istração Trump ainda não tomou novas decisões sobre a assistência militar a Kiev, entretanto continua empenhada em pôr fim à guerra. Whitaker sublinhou que Washington conta com a liderança europeia para fornecer à Ucrânia os recursos necessários para alcançar uma paz duradoura.

Enquanto isso, Andriy Yermak, chefe de gabinete de Zelensky se encontrou com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em Washington. “Discutimos a situação na linha de frente e precisamos tornar mais forte o apoio à Ucrânia na área da força aérea. Também partilhamos os nossos pontos de vista na reunião com os russos em Istambul, o continuar das negociações, a próxima troca de prisioneiros e a importância do regresso de todos os reféns e crianças raptados pela Rússia”.

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