Hospital da Mulher do Agreste é alvo de fiscalização do Coren-PE
Conselho alega ter percebido falta de enfermeiros, atraso de medicamentos e risco para bebê
Publicado: 30/05/2025 às 21:06

Coren-PE diz que atraso há na entrega de insumos e medicamentos (Foto: Everson Teixeira)
Em menos de um mês de funcionamento, o Hospital da Mulher do Agreste (HMA), em Caruaru, foi inspecionado pelo Conselho Regional de Enfermagem de Pernambuco (Coren-PE). Durante a vistoria, o Conselho disse ter identificado uma série de irregularidades na unidade, que vão desde ausência de enfermeiros em setores essenciais até falhas no fornecimento de medicamentos e desinfecção de incubadoras.
A visita técnica, liderada pela coordenadora-geral de fiscalização do Coren-PE, Dra. Ivana Andrade, teve como foco avaliar as condições de trabalho da equipe de enfermagem e os riscos para os pacientes. O Conselho diz que encontrou um cenário preocupante. E um dos alojamentos conjuntos, um único enfermeiro era responsável por 50 pacientes – contagem que inclui mães e bebês de forma separada, conforme estabelece a legislação vigente.
“O déficit de pessoal é evidente, tanto de enfermeiros quanto de técnicos. Isso acarreta riscos reais à assistência, podendo gerar danos tanto à mãe quanto ao bebê”, alertou a coordenadora.
Outro ponto crítico levantado pelo Conselho seria o atraso sistemático na entrega de insumos e medicamentos, o que tem levado profissionais a istrarem remédios fora dos horários prescritos. De acordo com o Coren-PE, a prática compromete diretamente a efetividade dos tratamentos e viola protocolos básicos de segurança em saúde.
A inspeção também revelou falhas na desinfecção das incubadoras utilizadas por recém-nascidos – um risco grave, especialmente considerando a vulnerabilidade imunológica dos bebês internados.
A vice-presidente do Coren-PE, Dra. Thaíse Torres, que também participou da fiscalização, reforçou que o Conselho deve emitir notificações formais exigindo um planejamento mais rigoroso da assistência de enfermagem. “O hospital precisa apresentar o cálculo de dimensionamento de pessoal, indicando o número mínimo necessário de profissionais. Só assim será possível garantir a segurança da assistência”, disse.
Para a vice-presidente, a unidade foi inaugurada sem a devida estruturação das equipes de saúde. “Estamos há apenas 20 dias do início das atividades e já encontramos pontos que claramente poderiam ter sido melhor planejados. A abertura ocorreu antes que a organização mínima estivesse assegurada”, afirmou.
Em nota enviada à imprensa, a direção do Hospital da Mulher do Agreste informou que o dimensionamento da equipe foi feito em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE), seguindo diretrizes do Ministério da Saúde. A unidade também afirmou que está convocando novos profissionais e que as farmácias satélites encontram-se abastecidas e em processo de informatização, o que deve, segundo a gestão, melhorar o controle na distribuição de medicamentos.
Ainda de acordo com a nota, as práticas de desinfecção seguem os protocolos sanitários vigentes, embora o relatório do Coren-PE aponte o contrário.
A situação do HMA liga um alerta sobre a pressa em inaugurar equipamentos públicos de saúde sem que as mínimas condições de funcionamento estejam garantidas. Localizado no Agreste, o hospital tem papel estratégico no atendimento materno-infantil para a região, mas a falta de planejamento pode comprometer sua missão de salvar vidas e prestar uma assistência digna às mulheres pernambucanas.
O Coren-PE deverá emitir um relatório detalhado nos próximos dias, e a expectativa é que a unidade seja formalmente notificada a corrigir os problemas identificados.

