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MÚSICA

Conjunto vocal Boca Livre leva clássicos e novidades ao Teatro RioMar

Um dos maiores grupos vocais da música brasileira, Boca Livre mostra repertório do novo álbum e clássicos da carreira no Teatro RioMar, nesta sexta-feira

Allan Lopes

Publicado: 04/06/2025 às 12:37

Donos de uma das harmonias vocais mais perfeitas da música brasileira, o Boca Livre demonstra em Rasgamundo (2023) que a sintonia construída desde 1978 não apenas resiste ao tempo, mas se renova. No primeiro trabalho após o reencontro do icônico quarteto, a cumplicidade histórica ganha novas camadas, e a prova definitiva está no palco. Nesta sexta-feira, às 21h, no Teatro RioMar, o grupo se apresenta com um repertório que entrelaça as canções do novo álbum e os seus maiores clássicos, em uma noite imperdível para os amantes da boa música.

O show Rasgamundo opera em duas frentes: primeiro, consolida a química imbatível de Maurício Maestro (baixo, arranjos e voz), David Tygel (viola e voz), Zé Renato (violão e voz) e Lourenço Baeta (violão, flauta e voz). Depois, canções do Los Hermanos e de Tim Bernardes são reinventadas como tivessem sempre pertencido ao repertório do grupo. “Foi muito bacana poder incluir essa conexão com pessoas que, até então, não tinham uma relação direta com o Boca Livre. Ao mesmo tempo, a gente percebe que, de alguma forma, eles também têm tudo a ver com o que fazemos”, celebra Zé Renato, em conversa exclusiva com o Viver.

Tão eloquentes quanto as vozes que os guiam, são os arranjos instrumentais refinados para os tempos de hoje, sem perder a essência que consagrou o quarteto. “A gente está sempre buscando trazer novidades, mas dentro de um universo musical em que a gente se sente à vontade. Chegamos a um timbre, a uma sonoridade, que é a cara do Boca Livre”, explica o músico. O reconhecimento veio com o 31º Prêmio da Música Brasileira, que elegeu o conjunto como Melhor Grupo de MPB de 2024.

Além da coroação artística, o trabalho também marcou a reconciliação dos quatro amigos após as divergências políticas que os separaram em 2021, mostrando que, às vezes, a música vence até as maiores discordâncias. “O grupo está muito bem e, cada vez mais, sentimos que existe uma conexão muito forte entre nós. Nosso prazer de cantar juntos só cresce, e isso acaba refletindo no show e em tudo que a gente faz musicalmente”, destaca Zé Renato.

Quem for ao Teatro RioMar nesta sexta vai sentir essa energia, em uma setlist que reúne clássicos como O Sal da Terra, Toada, Quem Tem a Viola, Mistérios e Ponta de Areia. Canções que, não por acaso, também integraram a primeira apresentação do grupo no Recife, em 1980, no Teatro do Parque. Na época, o Diario de Pernambuco resumiu bem o impacto. “O Boca Livre se consagra como um dos mais importantes conjuntos vocais da música popular brasileira. Está confirmando tais adjetivações nos shows que realiza pelo país”, diz o texto.

Quase meio século depois, o tempo só fez reforçar o acerto dessa leitura. “Desde a nossa primeira vez em Pernambuco, o público sempre foi muito carinhoso com a gente. Por isso, é sempre um prazer enorme voltar para a cidade. É, sem dúvida, um dos lugares que a gente leva no coração”, finaliza Zé.. Dessa forma, os músicos retornam ao Recife após 45 anos, como bons vinhos temperados por todas as histórias que vieram depois.

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